Os restos mortais de Lúcio Lara, um fundador do MPLA e dirigente das lutas de libertação africanas e da indepdendência Angola, vão a enterrar amanhã, às 15 horas, no Cemitério do Alto das Cruzes.
A cerimónia fúnebre oficial começa às 9h30 no Palácio dos Congressos, com uma homenagem do Presidente José Eduardo dos Santos ao nacionalista angolano.
Lúcio Lara vai ser ainda homenageado por titulares dos órgãos de soberania, deputados à Assembleia Nacional, órgãos de Defesa e Segurança, corpo diplomático, entidades eclesiásticas, antigos combatentes e veteranos da pátria, delegações de partidos políticos, organizações da sociedade civil, familiares e amigos. O funeral tem lugar às 15 horas no Alto das Cruzes, onde devem ser lidas mensagens da Associação Tchiweka – seu nome de guerra -, dos antigos combatentes e da família.
O ministro da Defesa Nacional, João Lourenço, considerou Lúcio Lara “grande nacionalista e cidadão exemplar”.
Na mensagem de condolências em que manifesta a sua mais profunda consternação, o ministro considera que “na figura do camarada Lúcio Lara cristalizam-se as qualidades do verdadeiro patriota angolano, dignas de serem seguidas como exemplo ímpar, pois, desde a sua juventude, colocou de lado o interesse pessoal, dedicando a sua vida à causa da libertação nacional, da consolidação da independência e do progresso social”.
O ministro do Interior, Ângelo Veiga Tavares, considera Lúcio Lara “participante activo da epopeia gloriosa que conduziu Angola à Independência Nacional e à paz”. O ministro considera que, com o seu saber e acção constitui-se num dos principais artífices da luta pela independência de Angola, tendo deixado marcas indeléveis nos anais da história recente da luta das colónias portuguesas para a independência. “Com a sua morte prematura, os angolanos perdem um dos seus melhores filhos, que dedicou toda a sua vida à causa e cujo exemplo deve ser seguido pelas novas gerações”, lê-se na nota.
O presidente da Comissão Nacional Eleitoral, Silva Neto, em nota de condolências, refere que “neste momento de dor vergamo-nos condoídos pela perda de tão valoroso filho de Angola, que desde cedo se entregou de corpo e alma à causa da libertação contra a tenebrosa subjugação colonial portuguesa”. Silva Neto considera que “o exemplo de patriota dedicado, de político, humanista e militante activo, perdurará para sempre na memória de todos quantos com ele conviveram e colocaram o seu pedaço de terra na edificação de uma sociedade angolana livre, próspera, fraterna e igual para todos”.
Noutra mensagem, a ASCOFA (Associação de Apoio aos Combatentes das ex-FAPLA) recorda que Lúcio Lara foi um nacionalista e histórico do MPLA que sempre se bateu pela causa da independência e liberdade do povo ao lado de Agostinho Neto e de outros nacionalistas, tendo chefiado a primeira delegação do partido que chegou a Luanda no dia 8 de Novembro de 1974.
“Homem de trato fácil e exímio negociador, Angola perde um dos seus melhores filhos que ainda tinha muito para dar ao país, mas que o destino não permitiu que assim fosse”, lê-se na nota, que acrescenta que o seu legado vai ser lembrado sempre e seguido pelas novas gerações.
Num comunicado divulgado sábado, o Bureau Político do MPLA refere-se a Lúcio Lara como um dos artífices da luta pela independência de Angola, ao lado do primeiro Presidente do país, António Agostinho Neto, e de outros eminentes nacionalistas que “escreveu o seu nome com letras de ouro na História de Angola, pela sua inestimável participação na árdua caminhada em prol da liberdade, da autodeterminação e da Independência Nacional”.
Nascido no Huambo a 9 de Abril de 1929, Lúcio Rodrigo Leite Barreto de Lara foi um dos pilares fundamentais do amplo Movimento Popular de Libertação de Angola, que lutou pela liberdade do povo e guiou a sua luta pela independência nacional, conquistada em 11 de Novembro de 1975. Lúcio Lara deu posse ao Presidente António Agostinho Neto e, depois, ao Presidente José Eduardo dos Santos.
Lutador contra a ditadura portuguesa
O Partido Comunista Português (PCP) lamentou ontem, numa mensagem, a morte de Lúcio Lara. Na mensagem, o secretária do PCP afirma que foi com profundo pesar que tomaram conhecimento do falecimento “do camarada Lúcio Lara, dirigente histórico do MPLA e da heróica luta de libertação do povo angolano e, com Agostinho Neto e outros destacados revolucionários, fundador do novo Estado independente da República Popular de Angola”.
Ao mesmo tempo em que transmite ao MPLA e ao povo angolano e à família de Lúcio Lara sentidas condolências e os sentimentos de amizade e solidariedade, o Partido Comunista Português evoca a sua destacada figura de patriota e de internacionalista. “Recordamos com respeito a sua valiosa contribuição em Portugal, ao lado do nosso Partido, para a luta contra a criminosa ditadura fascista e colonialista que, oprimindo o povo português simultaneamente oprimia o povo angolano e demais povos sujeitos ao jugo colonial, tornando os nossos povos aliados numa luta libertadora comum de que a revolução do 25 de Abril e a conquista de independência de Angola foi a mais elevada expressão”, lê-se na mensagem. O PCP lembra ainda a contribuição de Lúcio Lara para o fortalecimento das tradicionais relações de amizade, cooperação e solidariedade entre o PCP e o MPLA e entre o povo português e o povo angolano, relações que é desejo dos comunistas portugueses aprofundar sempre mais. (Jornal de Angola)