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Presidente aos 37 anos, 37 anos Presidente – A vida e a liderança de José Eduardo dos Santos

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Aos 74 anos, metade dos quais vividos na Presidência de Angola, José Eduardo dos Santos prepara-se para deixar a Cidade Alta, protagonizando uma transição política inédita no país. O Novo Jornal Online assinala este momento histórico com a publicação de uma secção especial sobre a vida e a liderança do popularizado “Zédu” e apregoado “Arquitecto da Paz”.

Da clandestinidade à guerrilha, passando pela União Soviética – o caminho para a Presidência

O percurso partidário de José Eduardo dos Santos iniciou-se na clandestinidade, amadureceu na guerrilha e expandiu-se a partir de uma dupla formação na antiga União Soviética. Mas, mais do que os pergaminhos políticos, terá sido a personalidade discreta a catapultar-lhe para a Presidência da República.

A partir do encontro literário com os ideais nacionalistas, com destaque para os que extraía da obra de António Agostinho Neto, José Eduardo dos Santos despontou, ainda na pele de estudante do Liceu Salvador Correia, para a luta anti-colonialista.

Já aos 19 anos juntou-se à frente de libertação na clandestinidade, integrando um grupo de sete jovens enviados pelo MPLA para o velho Congo-Léopoldville, hoje República Democrática do Congo.

Um ano mais tarde, José Eduardo dos Santos assumia a vice-presidência da JMPLA, organização juvenil do partido que ajudou a fundar, tornando-se igualmente o primeiro representante do MPLA na República do Congo-Brazzaville.
“Com a intensificação da luta contra o colonialismo português, Dos Santos integra a ala guerrilheira do MPLA, o EPLA, em 1962. Em 1963, Novembro, beneficiando de uma bolsa de estudo, parte para a então União Soviética, ingressando o Instituto de Petróleos e Gás de Bakú, onde se licenciou em Engenharia de Petróleos, em Junho de 1969”, lê-se na biografia oficial.

A passagem pela antiga União Soviética – pessoalmente traduzida no seu primeiro casamento, com Tatiana Kukanova – incluiu também um curso militar de telecomunicações, competências que lhe permitiram exercer as funções de Operador-Chefe do Centro principal de comunicações da Frente-Norte e de responsável adjunto na segunda região Político-Militar (em Cabinda).

Antes de assumir os cargos de Presidente da República Popular de Angola, presidente do MPLA-Partido do Trabalho, e comandante em chefe das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola, há quase 38 anos, José Eduardo exerceu ainda funções como secretário para a Educação, Cultura e Desportos do Comité Central, secretário para a Reconstrução Nacional e secretário para o Desenvolvimento Económico e Planeamento.

Para trás ficaram também os cargos de Ministro dos Negócios Estrangeiros (1975), vice-primeiro-ministro, ministro do Planeamento e secretário da Comissão Nacional do Planeamento (1978).

Apesar das amplas credenciais políticas, partidárias e militares, terá sido a personalidade discreta a catapultar-lhe para a Presidência da República.

“Os outros potenciais candidatos à sucessão de Agostinho Neto possuíam perfis polémicos, ou eram demasiado previsíveis”, assinalava, em 2011 Justino Pinto de Andrade, num texto sobre as incógnitas que se sucederam à morte do “Pai da Nação”

“Começou a falar-se insistentemente nas diversas hipóteses para ocupar o lugar deixado vago por Neto: Lúcio Lara? Ambrósio Lukoki? Pascoal Luvualu? José Eduardo dos Santos?” recuou o ex-militante do MPLA, hoje dirigente do Bloco Democrático.

“José Eduardo dos Santos era demasiado enigmático. Pouco se lhe ouvia falar”, recordou o político, defendendo que esse carácter foi decisivo para a sua ascensão à Presidência.

“Por ser demasiado enigmático é que, naquela circunstância, quase todos os elementos da cúpula do MPLA apontaram para JES. Simultaneamente, todos pensaram que facilmente o poderiam influenciar”, sublinhou.

A substituição “não fácil” de Agostinho Neto e a subida da classe operária à direcção do MPLA

No discurso de tomada de posse como Presidente da República, proferido a 21 de Setembro de 1979, José Eduardo dos Santos elogiou o legado de Agostinho Neto e assumiu o compromisso de “levar a bom termo a obra por ele iniciada: a construção da sociedade socialista em Angola”. A começar pelo seio do MPLA.

Perante “a memória inolvidável do guia da Revolução Angolana, fundador da Nação e do MPLA-Partido do Trabalho, Presidente Dr. António Agostinho Neto”, invocada 11 dias depois da sua morte, José Eduardo dos Santos jurou defender “com todas as forças, a Independência, a Soberania e a Integridade da Nação”.

Vivia-se o dia 21 de Setembro de 1979 e o novo Chefe de Estado cumpria o “honroso dever de prestar sermão” na cerimónia solene da sua investidura como Presidente da República Popular de Angola, Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola e Presidente do MPLA-Partido do Trabalho.

Cargos que, salientou, vinham sendo exercidos pelo Presidente Neto “com brio invulgar, dedicação, coragem e perspicácia de estadista genial”, dificultando a tarefa da sucessão.

“Não é uma substituição fácil, nem tão-pouco me parece uma substituição possível, é apenas uma substituição necessária”, frisou José Eduardo dos Santos.

Investido de novos poderes, o ainda estreante Presidente invocou os ensinamentos do “Pai da Nação” como “fontes inesgotáveis de inspiração para os membros do partido”, e antecipou “um vigoroso redobrar de determinação e de firmeza para levar a bom termo a obra por ele iniciada: a construção da sociedade socialista em Angola, assente em princípios marxistas-leninistas”.

A missão começaria pela estrutura do próprio MPLA, “garantindo no seu seio a coesão, a pureza ideológica, a presença maioritária da classe operária, a presença significativa da classe camponesa, e a ascensão de operários à direcção”.

Neste sentido, orientou José Eduardo dos Santos, os órgãos executivos do aparelho central do partido, o Bureau Político e o Secretariado do Comité Central deveriam reganhar um dinamismo crescente que permitisse “dar continuidade às modificações iniciadas no aparelho do Estado, com o objectivo de garantir a protecção de cada cidadão, a segurança e a estabilidade nas nossas fronteiras, o saneamento da situação económica e financeira, o aumento da produção e da produtividade do trabalho e a elevação do nível de vida do povo”.

Com a implementação dessa disciplina partidária, perspectivava o Chefe de Estado, a unidade nacional e a defesa da revolução e da integridade territorial estariam salvaguardadas.

José Eduardo dos Santos: “Gostaria de ser recordado como um bom patriota”

Da inspiração nos versos de Agostinho Neto para a luta anti-colonialista, passando pela “substituição necessária” do “Pai da Nação”, sem esquecer os planos de reforma, percorremos algumas das memórias do Presidente José Eduardo dos Santos, partilhadas na primeira pessoa.

Tinha “grandes dificuldades” no caminho e, desde muito cedo, seguia “lutando pela vida”, até que, “aos 16 anos”, entre os corredores do luandense liceu Salvador Correia, o destino de José Eduardo dos Santos – aqui reconstruído na primeira pessoa – se cruzou com a causa nacionalista.

“O que me marcou, estando a estudar no ensino secundário, além da discriminação e da diferença que havia entre os filhos de portugueses e os angolanos – sobretudo os de raça negra -, foi o facto de não termos perspectivas. Era o abismo à frente de nós. Essa foi a razão por que optámos desde muito cedo pela luta de libertação nacional”, contou o Chefe de Estado numa das raras grandes entrevistas que concedeu nos últimos 37 anos.

O momento retrospectivo devolve-nos ao ano de 2013, altura em que o Presidente da República iniciava um novo mandato de cinco anos, e, diante das câmaras da brasileira Rede Bandeirantes, começava a acusar o peso dos anos no poder.

“A conjuntura não permitiu que realizássemos eleições, e fui ficando”, justificou o político, admitindo que a sua permanência na Cidade Alta já somava “muito tempo, até demasiado”.

Empossado Presidente de Angola menos de um mês depois de completar 37 anos, a 21 de Setembro de 1979, o apregoado “Arquitecto da Paz”, desfia as memórias do seu nascimento político de mãos dadas com a História.

“Era preciso criar esperança, romper, daí ter aderido a um pequeno grupo de jovens, colegas de escola para poder trocar ideias, procurar literatura, discutir um pouco os versos de Agostinho Neto, que já circulavam naqueles meios estudantis. Foi, digamos assim, o despertar de uma consciência e de uma afirmação, no sentido de acção”, contava o Chefe de Estado ao canal brasileiro.

Cerca de duas décadas depois da inspiração na poesia do “Pai da Nação”, José Eduardo dos Santos prestava juramento como continuador do seu legado.

“Não é uma substituição fácil, nem tão-pouco me parece uma substituição possível, é apenas uma substituição necessária”, frisou um ainda inexperiente sucessor de Agostinho Neto, no discurso de tomada de posse como Presidente da República Popular de Angola, presidente do MPLA-Partido do Trabalho, e comandante-em-chefe das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola.

“Um homem do Desporto emprestado à Política”

Nascido a 28 de Agosto de 1942, com raízes familiares em São Tomé e Príncipe, José Eduardo dos Santos cresceu no bairro luandense do Sambizanga sob os grilhões do colonialismo.

“A repressão era feroz, os africanos não tinham direitos quase nenhuns. Fundamentalmente, não tinham direitos políticos, e, por conseguinte, toda a carga de opressão que os nossos pais sofriam se repercutia na família. Por isso crescemos com grandes dificuldades, lutando sempre pela vida desde muito pequenos. Mas sobrevivemos”, contou o filho Presidente do pedreiro Eduardo Avelino dos Santos e da doméstica Jacinta José Paulino.

O relato pessoal é extraído da entrevista à Bandeirantes mas, em breve, talvez também se possa folhear entre páginas biográficas.

“Normalmente o que fazem os ex-Presidentes é escrever memórias. Não sei se me vou dedicar a isso ou não”, equacionava o sucessor de Agostinho Neto noutra grande entrevista televisiva, cedida uma vez mais à imprensa estrangeira, no caso ao canal português SIC.

Revista à distância de quatro anos, a conversa reaviva os planos de reforma de José Eduardo dos Santos, então auto-retratado como “um homem do Desporto emprestado à Política”, e de natureza multifacetada.

“Posso trabalhar em várias áreas”, salientou o Presidente da República, lembrando que a sua fundação homónima “desenvolve uma intervenção social importante”.

Ainda na entrevista à SIC, o Chefe de Estado partilhou os sonhos que deseja concretizar no país – o “de uma sociedade inclusiva, em que todos se sintam bem e beneficiem da prosperidade”- e na sua própria história.

“Gostaria de ser recordado como um bom patriota. Como um bom patriota”, reforçou o líder do MPLA, na viragem para o novo capítulo da História de Angola. O primeiro em quase 38 anos sem José Eduardo dos Santos na pele de Presidente da República.

Retrato de família: Homem de poucas palavras e muito sentimento, que lê de tudo, toca guitarra e adora futebol

Define-se como “um homem do desporto emprestado à política”, que quer ser recordado como “um bom patriota”. Mas para a família, há muito mais vida em José Eduardo dos Santos.

Enquanto a imagem pública de José Eduardo dos Santos se construiu paredes-meias com a História de Angola, a sua imagem privada permaneceu resguardada dos holofotes, num sigilo que reforçou, aos olhos de muitos, a personalidade “enigmática” do Presidente da República.

Mas para os filhos do Chefe de Estado, os predicados de José Eduardo dos Santos saltam à vista.

“É uma pessoa muito paciente, extremamente calma, com uma grande capacidade de ouvir. É uma pessoa que se preocupa muito com os outros, e sobretudo é uma pessoa muito, muito simples”.

O retrato traça-se a partir da descrição da primogénita Isabel dos Santos, partilhada por ocasião do 70.º aniversário do pai.

Desafiada pelo apresentador Pedro Nzagi – que na altura conduzia o programa da “Hora Quente” – a levantar a ponta do véu sobre José Eduardo dos Santos, a empresária destacou as características que mais sobressaem na intimidade.

“Ele é uma pessoa extremamente carinhosa, tem muito afecto pelos netos. Passa todo o tempo que tiver livre com eles a brincar à bola, a ensinar a ler, enfim…é realmente um avô excepcional”, sublinhou a filha mais velha do Presidente da República.

Já o irmão José Filomeno dos Santos “Zenu” salientou, em declarações à TV Zimbo, o perfil “atento, reservado, mas atencioso” do pai.

“Às vezes até dá à impressão que conhece os nossos problemas mesmo sem nós falarmos. Diria que é um indivíduo sui generis, uma pessoa rara, de poucas palavras”, assinalou o herdeiro do Chefe de Estado, acrescentando que “mesmo sem falar muito”, José Eduardo dos Santos “é uma pessoa muito sentimental e muito dedicada aos outros”.

Por outro lado, “como gosta de cultura está sempre atento àquilo que se passa”, acrescentou a filha Welwitschia José dos Santos, “Tchizé”, que chamou a atenção para a incessante curiosidade do progenitor.

“Às vezes surpreende-me porque, quando há oportunidade, quando está à frente da televisão, por volta das 18h30, está a ver programas virados para a juventude”, contou a deputada, tal como o irmão “Zenu”, apanhado entre confidências à Zimbo.

Segundo Tchizé, José Eduardo dos Santos “é uma pessoa que continua a acompanhar as tendências actuais e que gosta não só daquilo que faz parte da sua geração”, mas, “por incrível que pareça, gosta até daqueles cantores mais alternativos”.

“Ele toca guitarra muito bem”

O ouvido para a música do líder do MPLA estende-se para além da mera observação, apontou Isabel dos Santos no “Hora Quente”: “Ele toca guitarra muito bem”.

A par das sonoridades, a filha mais velha do Presidente da República salientou o seus interesses literários.

“Lê muitos livros de História, Política, Economia. É um autodidacta, uma pessoa que lê de tudo, que tem uma curiosidade enorme sobre diversas matérias”.

Isabel dos Santos destacou ainda a veia paterna para o desporto – “Joga muito futebol, faz ginásio, tem uma actividade física intensa” -, publicamente reconhecida pelo clube português Futebol Clube do Porto, que em 2004 galardoou Presidente da República com o troféu “Dragão de Ouro”, que distingue figuras e instituições que se notabilizam na promoção e incentivo da prática desportiva.

Mais do que exaltar a preparação física do Chefe de Estado, a primogénita gabou a sua jovialidade. “É uma pessoa muito jovem, mas não só fisicamente. É uma pessoa muito jovem de espírito, tem uma mente muito aberta, muito flexível”.

Para além de Isabel, Zenu e Tchizé, José Eduardo dos Santos é pai de José Eduardo Paulino dos Santos, “Coréon Dú”, José Avelino Gourgel dos Santos, Eduane Danilo Lemos dos Santos, Joseana Lemos dos Santos e Eduardo Breno Lemos dos Santos.

A prole resulta de relações com Tatiana Kukanova, Filomena de Sousa, Maria Luísa Perdigão Abrantes, Maria Bernarda Gourgel e Ana Paula dos Santos, actual primeira-dama.

Cronologia dos principais acontecimentos desde a tomada de posse

Da guerra civil à conquista da paz, das descobertas petrolíferas às alterações legais, sem esquecer os protestos de rua, os relatos de violações dos direitos humanos e a projecção internacional, revisite alguns dos momentos que marcaram a liderança de José Eduardo dos Santos.

1 de Agosto de 1980

Aprovadas alterações na Lei Constitucional da República Popular de Angola, que consagra o marxismo-leninismo.

16 de Fevereiro de 1984

Acordo entre Luanda e Pretória define a retirada das forças sul-africanas, que só fica concluída em 1989.

Agosto de 1986

Ataques da UNITA no Kwanza-Norte e no Uíge. Administração norte-americana anuncia o envio de mísseis terra-ar Stinger como parte dos 25 milhões de dólares de ajuda ao movimento de Jonas Savimbi.

Junho de 1987

MPLA e os Estados Unidos iniciam negociações, com a discordância de Havana, para a saída das forças estrangeiras do país.

14 de Fevereiro de 1988

A UNITA e as forças da África do Sul atacam as bases do MPLA no Cuito Cuanavale, província de Kuando Kubango, dando origem à segunda maior batalha da História do continente africano, depois da Batalha de El Alamein, no Egipto, durante a II Guerra Mundial, e a maior da África subsaariana.

08 de Agosto de 1988

África do Sul, Cuba e Angola aceitam o cessar-fogo depois de negociações em Genebra e Nova Iorque.

22 de Dezembro de 1988

Na sequência das negociações, é assinada a independência da Namíbia e o fim definitivo do envolvimento de forças estrangeiras no conflito angolano.

Janeiro de 1989

Chegam a Angola os primeiros efectivos das forças de manutenção de paz da ONU.

10 de Janeiro de 1989

O primeiro contingente militar cubano, de 3.000 efectivos, deixa Angola.

22 de Junho de 1989

Novo acordo de cessar-fogo, subscrito por todas as partes. Um mês depois, José Eduardo dos Santos queixa-se da continuação do apoio sul-africano à UNITA e o MPLA toma posições no sul do país, contra Mavinga, sob controlo da UNITA.

23 de Janeiro de 1990

Líder da UNITA, Jonas Savimbi, inicia visita oficial a Portugal. Segue depois para Washington, onde é recebido pelo Presidente George Bush.

26 de Março de 1991

Governo de Luanda aprova a instauração do multipartidarismo.

31 de Maio de 1991

Assinatura do Acordo de Bicesse pelo governo e pela UNITA, que previa o cessar-fogo, constituição do exército único e realização de eleições gerais, sob a supervisão das Nações Unidas.

07 de Junho de 1991

A Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) apela a negociações com o governo angolano para a realização de um referendo sobre a autonomia de Cabinda.

03 de Outubro de 1991

Jonas Savimbi chega a Luanda, sendo recebido pelo Presidente José Eduardo dos Santos.

Maio de 1992

MPLA altera estatutos no seu 3.º Congresso Extraordinário, transformando-se num movimento democrático, de sufrágio directo.

16 de Setembro de 1992

Aprovada uma nova Constituição, que seria actualizada após as eleições gerais.

29 de Setembro de 1992

Eleições presidenciais e legislativas. MPLA ganha com maioria absoluta, com a UNITA em segundo lugar. José Eduardo dos Santos foi o mais votado na primeira volta das presidenciais.

02 de Outubro de 1992

Savimbi declara as eleições fraudulentas e ameaça regressar à guerra.

19 de Outubro de 1992

ONU valida eleições, considerando-as “genericamente livres e justas”.

31 de Outubro de 1992

Começam confrontos violentos em Luanda, que duram três dias. Vários altos dirigentes da UNITA são mortos, entre os quais o vice-presidente, Jeremias Chitunda, e o chefe da representação do movimento do “Galo Negro” na Comissão Conjunta Político-Militar e sobrinho de Savimbi, Elias Salupeto Pena. A escalada de guerra torna-se incontrolável, refugiando-se a UNITA no Huambo, onde tinha concentrado o quartel-general.

19 de Maio de 1993

EUA reconhecem a República de Angola e o governo do MPLA.

20 de Novembro de 1994

Assinatura do protocolo de Lusaca para a desmobilização das tropas do MPLA e da UNITA, formação de um governo de unidade e de reconciliação nacional.

11 de Abril de 1997

Empossado Governo de Unidade e Reconciliação Nacional, dirigido por Fernando França Van-Dúnem e incluindo 28 ministros, 58 vice-ministros e um secretário de Estado. O Executivo abrange todas as formações políticas nacionais com assento no parlamento, incluindo quatro ministros e sete vice-ministros da UNITA.

Novembro de 1998

Exército governamental lança ofensiva de grande escala contra a UNITA no Kuíto, Huambo e Malange e operações no Kwanza-Sul e Norte, Uíge, Lunda-Norte e Kuando Kubango.

26 de Outubro de 1998

Nações Unidas accionam um conjunto de sanções internacionais contra a UNITA, como forma de pressionar Savimbi a aceitar o Protocolo de Lusaca.

24 de Junho de 1999

ONU decide pôr fim à missão no país devido ao recomeço da guerra.

26 de Abril de 1999

Autoridades angolanas emitem um mandado de captura para Savimbi.

14 de Setembro de 1999

Início de uma importante ofensiva do exército, na qual recupera localidades como o Andulo, Bailundo, Mungo e Nharea e, posteriormente, o ex-quartel general da UNITA na Jamba, na província do Kuando Kubango.

16 de Outubro de 1999

O jornalista Rafael Marques é preso pelas autoridades, na sequência de um artigo que escreveu para o jornal Agora, no qual chama ditador a José Eduardo dos Santos e o responsabiliza pelo aumento da corrupção.

30 de Novembro de 2000

O Parlamento angolano aprova uma lei de amnistia aplicável aos elementos da UNITA e ao líder. O movimento do “Galo Negro” rejeita a lei e mantém a exigência de negociações directas.

18 de Fevereiro de 2002

O exército angolano anuncia a tomada de bases da UNITA na província do Moxico, onde Savimbi se encontra.

22 de Fevereiro de 2002

Morte de Jonas Savimbi. O Governo anuncia que as forças governamentais abateram Savimbi na província do Moxico.

15 de Março de 2002

Data do início oficial das negociações sobre as chefias militares das duas partes. Em Luena, o general Geraldo Nunda (MPLA), e o general Abreu Muengo “”Kamorteiro”” (UNITA) acordam um cessar-fogo.

02 de Julho de 2002

Manifestação junta duas centenas de pessoas numa “Campanha por uma Angola Democrática”. Desde então, são regulares acções de protesto contra o regime.

14 de Janeiro de 2004

A organização não governamental Human Rights Watch revela, num relatório, que mais de quatro milhões de dólares de receitas do petróleo de Angola desapareceram entre 1997 e 2002. O governo angolano desmente as informações.

01 de Janeiro de 2007

Entrada de Angola na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

02 de Agosto de 2007

Morre Holden Roberto, líder histórico da FNLA, aos 84 anos.

01 de Agosto de 2008

O Governo angolano e o Fórum Cabindês para o Diálogo (FCD) assinam em Namibe, sul de Angola, o Memorando de Entendimento para a Paz e Reconciliação em Cabinda, após mais de 30 anos de conflito armado. O líder histórico da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC), N”Zita Tiago, rejeita o acordo.

05 de Agosto de 2008

Eleições legislativas em Angola, naquela que é a primeira consulta popular após o fim da guerra civil. José Eduardo dos Santos é indicado para Presidente pelo MPLA, que obteve 82% dos votos. A UNITA obtém 10% e o Partido de Renovação Social consegue 3,14%.

05 de Março de 2009

Presidente José Eduardo dos Santos faz a primeira visita de Estado a Portugal.

07 de Agosto de 2009

A petrolífera norte-americana Chevron anuncia uma “importante descoberta” de reservas de petróleo e gás natural em Angola.

29 de Setembro de 2009

Fundo Monetário Internacional e Angola assinam um acordo de financiamento para ajudar o país a cumprir a sua balança de pagamentos. O crédito permite acesso a uma verba de 1,3 mil milhões de dólares.

Janeiro de 2010

Angola acolhe a fase final do Campeonato Africano das Nações (CAN) em futebol.

27 de Janeiro de 2010

Adopção de nova Constituição, que consagra o regime presidencialista. O Presidente passa a ser o cabeça-de-lista do partido mais votado no circulo nacional, em eleições gerais.

07 de Março de 2011

Cerca de 20 pessoas, incluindo jornalistas do Novo Jornal, são detidas pela polícia em Luanda quando se concentravam na praça 1.º de Maio para uma manifestação antigovernamental. No dia 02 de Abril, os jovens voltam a juntar-se, com nova perseguição das autoridades policiais. Ao longo do ano, repetem-se manifestações, com várias denúncias de violações dos direitos humanos.

27 de Maio de 2012

Os ex-militares e activistas Alves Kamulingue e Isaías Cassule são raptados e executados por desconhecidos, quando preparavam uma manifestação. A acção motiva a ira dos manifestantes anti-regime. No ano que se seguiu, muitos jovens organizaram manifestações antigovernamentais, duramente reprimidas pelas autoridades.

31 de Agosto de 2012

O MPLA, liderado por José Eduardo dos Santos, vence as eleições gerais com 72% dos votos. A UNITA, liderada por Isaías Samakuva, consegue 18%, e a Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral – (CASA-CE), de Abel Chivukuvuku, atinge os 6%.

Outubro de 2012

Luanda cria o Fundo Soberano Angolano, de 5 mil milhões de dólares, para canalizar as receitas do petróleo para projectos de investimento. Dirigido desde o início pelo filho mais velho do Presidente José Eduardo do Santos, José Filomeno dos Santos.

13 de Março de 2013

Detidos elementos da Polícia Nacional e do Serviço de Informações e de Segurança do Estado (SINSE) de Angola, por envolvimento no desaparecimento e morte dos ex-militares e activistas Alves Kamulingue e Isaías Cassule.

03 de Maio de 2013

FLEC abandona luta armada em Cabinda.

Maio de 2014

Primeiro censo nacional desde 1970. Os números oficiais apontam para uma população de 24,3 milhões de pessoas.

15 de Outubro de 2014

O Presidente angolano anuncia o fim da intenção de formalizar uma parceria estratégica com Portugal durante o discurso sobre o Estado da Nação. Este anúncio culmina numa série de momentos de tensão entre os dois países, particularmente relacionados com investigações judiciais em Portugal a dirigentes angolanos.

16 de Outubro de 2014

Angola é eleita para o Conselho de Segurança da ONU.

Novembro de 2014

A Amnistia Internacional acusa as forças de segurança angolanas de uso excessivo da força e mortes extrajudiciais de elementos opositores do Governo.

14 de Março de 2015

As autoridades angolanas detêm o activista de direitos humanos José Marcos Mavungo, coordenador de uma manifestação em Cabinda.

06 de Junho de 2016

Isabel dos Santos, filha do Presidente, assume a presidência do Conselho de Administração da petrolífera estatal angolana, a Sonangol.

Dezembro de 2016

A Rádio Nacional de Angola noticia que o Presidente José Eduardo dos Santos não se vai recandidatar nas eleições de Agosto de 2017. O ministro da Defesa, João Lourenço, acabaria por ser nomeado como candidato do MPLA. (Novo Jornal Online)


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